domingo, 30 de agosto de 2009

O drama do busão Parte 1 (Porque esse tema rende muito pano pra manga)

Tatiane Dias


A palavra de ordem da minha vida neste ano é: ÔNIBUS. Não me lembro em todos os meus 25 anos ter usufruído tanto do transporte coletivo como agora.

E no ônibus não há como negar, se ouve de tudo. Não adianta falar baixo, pois tem sempre alguém ouvindo sua conversa por mais que essa pessoa não queira. Geralmente não há o que fazer no ônibus, até mesmo quando se está lendo, é impossível não ouvir conversa alheia. E como graças a Deus não sou surda... Como diria meu amigo JF, é melhor ouvir certas coisas do que ser surdo.


Estava no ônibus voltando da faculdade. No meio do trajeto nos deparamos com um carro em chamas. Eis que escuto essas barbaridades que somos obrigados a ouvir cotidianamente: “NOSSA! PRECISO TIRAR UMA FOTO. NÃO É TODO DIA QUE A GENTE ENCONTRA UM CARRO PEGANDO FOGO”. A empolgação era tanta que eu achei que o carro incendiado devia fazer parte de alguma produção cinematográfica, que devia ter algum ator global na cena do acidente, tamanha era a euforia da garota. Fiquei pensando no dono do carro. Será que ele teria conseguido sair do carro? E mesmo que tivesse conseguido sair, provavelmente não estava nenhum pouco feliz em ver seu carro em chamas, mesmo que tenha seguro veicular. A não ser que tenha sido proposital, mas isso não vem ao caso agora.


Outra cena que me deixou impressionada, foi de um senhor que veio nos dar uma notícia. Visualize a cena. Pense no Nelson Rubens ou Leão Lobo com aquele meio sorriso estampado no rosto noticiando uma morte: “VOCÊS NÃO IMAGINAM QUEM MORREU? VOCÊS NÃO VÃO ADVINHAR NUNCA!”. A primeira pergunta que fiz: A pessoa era sua inimiga? Porque me parece que você está feliz com a morte dela?

Pelo que bem conheço a pessoa não tinha nada contra o falecido, mas acho que a ânsia de dar a notícia foi tão grande, que ela se atropelou na forma de falar. Mas isso não tem nada a ver com ônibus. (Esse meu cérebro, sempre me pregando peças com essas associações que me fazem perder o fio da meada rsrs).


Com esse negócio de gripe suína, gripe A, sei lá, (são tantos nomes que já até me confundi) andar de ônibus está cada vez mais difícil. Tem se tornado um verdadeiro suplício pra mim. Só de pensar na possibilidade do vírus estar rodando ali dentro daquele ar viciado, já me dá calafrios. Mas parece que só eu e alguns meninos (talvez porque sejam mais calorosos) nos lembramos de abrir a janela para renovar o ar. Eu já tinha aflição em sentar nos bancos que alguém acabou de levantar, agora então nem em sonho. Nunca fui muito nojenta, mas taí algo que eu não faço mesmo, sentar em assento quente. Nem por brincadeira. Independente se for homem ou mulher, criança ou adulto.


Em falar em ônibus e janela fechada me lembrei de mais um episódio que me aconteceu. Num dia desses de inverno, voltando do serviço entre um espirro e outro, com a cabeça doendo de tanto espirrar, entro num ônibus lotado como sempre. Isso depois de esperar mais de meia hora no ponto (isso porque a empresa de transportes de minha cidade insiste em dizer que o horário é de 15 em 15 minutos). A maioria das janelas estava fechada e aquele habitual cheiro de não-desodorante, porque é impossível alguém cheirar tão mal tendo passado ao menos um roll-on pela manhã. Ou a pessoa passa o perfume na roupa e se esquece da axila ou não passa nada ou ainda pela pior das hipóteses já pode encomendar o caixão que falta pouco pra passar dessa vida para outra.


Posicionei-me atrás de uma senhora e em frente a pelo que podia perceber a única janela aberta. A simpática senhora que devia ser alérgica a vento fez questão de fechar janela da minha salvação. Pedi para que ela me deixasse ao menos uma fresta para entrar um pouco de ar, ela me olhou com um olhar tão terno e acolhedor como o da Lacshimi do Caminho das Índias para sua nora. Para sorte dela e por incrível que pareça, depois de ter espirrado o dia todo não espirrei nenhuma vez dentro do ônibus. Minha vontade, porém era espirrar em suas costas (porque na cara não dava rsrs), cantarolar “Tô com gripe suína”, assim como as crianças fazem quando estão brincando de pega-pega, sair correndo, descer do busão (ô palavra feia essa) e deixar ela e todo mundo com a pulga atrás da orelha e o hospital lotado de gente com medo de ter pegado a doença. Mas, infelizmente minha insanidade ainda não chegou a esse grau.



6 comentários:

  1. Adorei o texto viu Taty!!! Olha quantos dramas não passamos no busão direto em rsrsrsrsr...
    Espero ler mais cronicar sua!!!
    ate beijus fica com Deus

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  2. muito boa a crônica... como sempre..
    ri muito, afinal, também estava no ônibus na noite em que nos deparamos com o carro em chamas... fiquei imaginando a garota da foto... pena que não ouvi ela falar...
    Mas realmente... quem usa Ônibus coletivo sofre...
    Parabéns thaty...
    Fico no aguardo da próxima...
    bjusssss

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  3. adorei a cronica, vale ressaltar o que de bom encontramos neste tipo de condução: novas amizades... Anja de chapéu!

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  4. Anja de chapéu? Quem é? Essa história quero saber!

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  5. Thaty, muito legal a crônica do busão... eu sei bem o que é vida de estudante que depende do "nardelão".
    viajei 4 anos pra Indaiatuba e 5 anos e meio pra Sorocaba. Imagine o que eu já vi e ouvi...rsrs
    Bom.... se o "Drama do busão" está na primeira parte, esperarei ancioso pela próxima..
    bjuss

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  6. olá eu sou a anja de chapéu... sou anonima!!! mas, boa crônica!

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