sábado, 19 de setembro de 2009

Carrinho que bate bate. Carrinho que já bateu...

Tatiane Dias


Sei que estou um pouco atrasada para comentar sobre o desfecho da novela que já acabou há mais de uma semana, mas como diria o velho e bom ditado: “Antes tarde do que nunca”.


A verdade é que estou decepcionada com a Glória Perez. A meu ver ela deixou a desejar nos capítulos finais da novela Caminhos das Índias, principalmente no desenlace da história do Zeca, personagem de Duda Nagle. Ela podia ter sido bem mais realista e ter feito um final mais coerente com a realidade. Além de poder prejudicar os outros, ela bem que podia tê-lo feito sentir na pele o que fez para a personagem de Tânia Kalil, a Duda.


O que acontece na vida real é bem mais cruel e frio para quem se atreve a barbaridades no trânsito do que apenas prestar serviços voluntários em instituições de caridade. E quem tem irmão com mais de 18 anos como eu, bem sabe quantas noites de sono são perdidas. E quantas vezes o coração dispara no meio da noite quando se ouve ao longe uma derrapada ou uma freada brusca de um carro.

Isso porque sou apenas irmã, imagina se eu fosse mãe. Quem tem filhos que o diga. E a bem da verdade, me considero a irmã do filho pródigo. Pra quem não está familiarizado com as histórias bíblicas, aí vai uma breve explicação: o cara chega pro pai e pede sua herança (na cultura brasileira isso seria como matar o pai ou no mínimo desejar a sua morte, porque geralmente a gente só recebe herança quando o pai bate as botas de peão da Eucatex). Vai gasta tudo e volta com o rabo entre as pernas (desculpe a expressão, mas essa é a verdade). O pai vai e prepara um festão porque ele voltou (só pai e mãe pra fazer isso mesmo). O irmão, burro de carga, volta do trabalho e encontra aquele monte de gente, o putz putz rolando solto. Fica indignado (não é pra menos, com certeza também ficaria) e nem quer entrar em casa, porque afinal de contas acho que ele nem foi notificado de que havia uma festa em sua casa.


No fim das costas o pai o tentou convencer de que o irmão voltar era algo digno de alegria. Vai entender?! É por isso que ser cristão de verdade não é tão simples como se diz por aí. Não é só mudar o jeito de se vestir e já se garantiu um terreninho no céu. E por favor, se quiserem saber mais sobre o filho pródigo consulte a bíblia (Lucas 15,11-32), porque o parágrafo está ficando longo demais e eu ainda não cheguei ao ponto que queria rsrs.


Como estava dizendo, esses meninos pregam cada susto na gente. O meu irmão tem até um hino feito pelo meu primo em parceria com minha mãe e eu.


Carrinho que bate, bate. Carrinho que já bateu. Quem gosta dele são elas. Quem conserta ele sou eu.

Nunca vi gostar tanto de gastar dinheiro com conserto de carro. Já tem até cartão ponto pra picar no funileiro. Isso me indigna.
O ruim é que nem sempre esses meninos saem ilesos. E da última vez ele quebrou o nariz, literalmente. Mas graças a Deus foi apenas o nariz. Conheço muitos rapazes que ficaram paraplégicos ou até perderam a vida em acidentes automobilísticos. E uma dúvida paira em minha mente há muito tempo. O que os homens têm na cabeça? Acho que a síndrome de Super-Homem ou Homem de Aço os persegue por toda a vida. Só assim para explicar o jeito como dirigem (deviam estar na Fórmula 1) e pensam que nunca vai acontecer nada a eles. Só isso explicaria essa pandemia de garotos acidentados. E haja coração pra aguentar tanta emoção.



sábado, 5 de setembro de 2009

Porque nem só de confusão se vive num busão



Tatiane Dias

Final de semestre, depois da semana de provas, só vai à escola quem é nerd ou está pendurado por falta. Posso dizer que atualmente me encontro no segundo grupo. Ônibus, praticamente vazio, não fosse por um detalhe, EU estava dentro dele. Uma adorável garota entra nos ônibus, olha pra minha cara, se volta por motorista e diz: “NOSSA, MOTÔ, NÃO VEIO NINGUÉM HOJE!” Havia um quase sorriso em meu rosto, mas que se desfez tão rápido que nem sei ao certo se realmente estava sorrindo ou estava somente pensando que sorria. Pensei: “Deve ser força do hábito, as pessoas falam assim mesmo. Mais ou menos assim quando você vê um copo com água pela metade: o copo está meio cheio ou quase vazio?” Um pouco antes de eu descer, ela repete: “NOSSA, NÃO VEIO NINGUÉM MESMO!”. Nisso nasceu a antipatia. Essa menina me paga.


Esse dia chegou. A adorável menininha dorme pesada e tranquilamente Só nós duas estávamos dentro do ônibus. A maioria já havia descido. Ela desceria depois de mim. O motorista pergunta: VOCÊ É A ÚLTIMA?... [Sim eu sou a última, pode ir embora direto para garagem] até ela perceber, provavelmente já estaria na estrada de volta para Itu. É nessas horas que a consciência pesa e o e o cristianismo predomina. “Não pagueis o mal com mal. Não façais ao outro, aquilo que não queres que faça a ti. Amais os vossos inimigos”. Para a minha e talvez a sua decepção ou alívio, depende da sua posição, não fiz isso. Achei que não valia a pena. Não, respondi, tem uma menina dormindo lá atrás.


Mas não é só de antipatias que se vive num ônibus. Há até quem se casa com pessoas que conheceram dentro do coletivo. Quem nunca ouviu uma conversa alheia e não teve vontade de entrar no meio da conversa? Ouviu alguém discorrer sobre um assunto que você conhece muito bem e não pode dizer o que pensava porque a conversa não era com você? Pois bem. Tem horas que não dá pra agüentar mesmo e acabamos por entrar no papo sem sermos convidados. E é nessas ousadias que nascem as amizades ou não rsrs.


Mais interessante ainda são aquelas pessoas, geralmente jovens (entre 16 a 20 anos) extremamente generosas que alegram nossas manhãs de trabalho com seus celulares comunitários. Tenho a impressão de que as pessoas nascidas nos anos 90 em diante foram feitas em série. Se você pegar um celular, um MP3, MP4 ou MPTudo (nem sei mais em número já chegou) verá que as seleções de músicas são semelhantes, com diferença de uma ou outra música, que se você tiver bluetooh e o cara que toca a música também já pode resolver o problema na hora. Eis aí mais uma oportunidade para fazer amizade ou não também rsrs.


No meu caso, depois de um ano escasso de amizades, conheci as girls do Love’s Bar. Érica vulgo Barata, Adelina, Susana, Vanessa, Carla e depois o boy Daniel. Altas risadas, palhaçadas, conversas toscas partilhadas com o ônibus inteiro. Coitado de quem queria dormir. Rolou até paquera, mas essa parte a gente pula rsrs.


Barata e suas piadas inofensivas, Adelina e seus conhecimentos informáticos, Susana e seus fãs-clube, Vanessa e seus livros, Carlinha e seu sono e Daniel e sua risada inesquecível. Tenho certeza que não sou a única a ter feito amigos no bus. Essa eu deixo aberto pra quem quiser contar as suas próprias “AVENTURAS NO BUSÃO”.